domingo, 6 de abril de 2014

7 de abril, Dia Nacional do Jornalista



A data não é considerada feriado nacional, no entanto representa uma homenagem da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), ao jornalista Líbero Badaró, que nos anos de 1830, empenhava-se em denunciar os abusos do Império. O 7 de abril não é nomeado pelo nome de Badaró, todavia,  ficou conhecido como o Dia Nacional do Jornalista.

Esse ano, a ocasião é digna de muitas reflexões sobre seu passado, presente e futuro. Após 50 anos do Golpe Militar de 65, os horrores trazidos pelo AI-5 ainda assombram as redações e os profissionais que sobreviveram ao período. O pano da censura deixou cicatrizes na imprensa brasileira que ainda levarão vários anos para desaparecer.

Se não bastasse o passado, o presente está abrindo novas e violentas feridas para a nossa profissão. Dados de instituições com a ABRAJI (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e PEC (Press Emblem Campaing) revelam em suas pesquisas, que o Brasil é o 2º país mais perigoso para jornalistas.
Estariam nossas vozes sendo caladas mais uma vez? Vítimas de quem? Das ameaças concretizadas diante da revelação das verdades? Da violência que se instaurou enquanto a bandeira de mudança se erguia nas vozes de nossos jovens? Vítimas de uma profissão que não está preparada para situações de risco? O que explica isso?

O que explica a vontade de novos universitários ao entrar em um Curso Superior de Jornalismo diante de todos esses fatos? Uma profissão com um futuro incerto, infelizmente, desvalorizada e sem respeito algum. Já não somos mais os únicos mediadores entre os fatos e o mundo lá fora. As coisas mudaram, e como se transformaram...
Fomos afetados em cheio com essas transformações. O jornalismo vive um momento de naufrágio. Há quem diga que a profissão irá desaparecer quando as novas tecnologias efetivamente dominarem o mundo. Será?

Quando isso acontecer...
Quem ficará fielmente nas multidões, haja chuva ou sol, em busca de informação?
Quem trabalhará até tarde para apurar as informações?
Quem vai cobrar explicações?
Como seria o mundo se os jornalistas desaparecessem?
Pois, bem. Ainda há muito que pensar sobre isso.
 Há muito que refletir sobre o que é ser jornalista e o papel desse profissional na sociedade. Lembrar que o jornalismo não é e não deve ser utilizado para a realização de julgamentos, mas sim uma atividade que lida com fatos. Jornalismo não foi feito para trocas de favores (embora, algumas vezes seja confundido com isso), mas sim para cobrar que os Direitos da sociedade sejam cumpridos. É necessário compreender que o bom jornalismo, quando praticado com isenção e ética é fundamental para a construção de uma sociedade democrática. 
Que nossos estudantes entrem em um curso de Jornalismo apaixonados pelo exercício diário de reflexão, ética e imparcialidade; não pelo falso glamour e status intimamente ligados à profissão.
Que em algum dia desses, nossos profissionais sejam valorizados, pois, mesmo que seja parecido com um “sacerdócio”, o amor infelizmente acaba quando a rotina e as condições de trabalho ficam insuportáveis. Por mais que as frações de segundos passem como um raio, é humanamente impossível acompanhar esse ritmo. E sim, somos jornalistas e não o Homem Aranha
.
E finalmente, que algum dia, as cicatrizes deixadas pela Ditadura Militar se transformem em marcas de superação. Que nossos mestres relatem aos futuros jornalistas que ocuparão as cadeiras das faculdades de jornalismo, a história de profissionais como Vladimir Herzog, que pagou com a vida o preço de não se calar. Também, que o sangue derramado nas manifestações de junho de 2013 não seja esquecido. Entre balas de borracha, gás lacrimogênio, ativistas, policiais, vândalos ou não; lá estavam centenas de jornalistas, alguns deles foram gravemente feridos, outros, perderam a vida.

Apesar de todo o risco que oferece, a profissão tem algo de mágico, de apaixonante. Por mais que ela seja terrível, não conseguimos abandoná-la.  Talvez essa seja a melhor qualidade de todo jornalista: a de nunca desistir.

Parabéns a todos os jornalistas brasileiros.