quarta-feira, 31 de julho de 2013

O modo que se colore a vida

Quando os blogs surgiram eles eram considerados um gênero, chamado de diário, igual aqueles que toda menina escondia da família. O diário digital não tem como ser escondido, caiu na rede já viu! Embora atualmente, tenha tantas outras funções, jornalísticas ou de protesto (temo que esse termo caia na pluralidade), eu prefiro deixar meu blog como um diário. Desculpe, mas sempre recorro a ele quando o coração sufoca o que a boca não pode falar.

Confiar nas pessoas talvez seja sempre um grande problema. Ah! Quantos falsos sorrisos existem por aí! Rosas que escodem selvagens espinhos detrás de suas pétalas macias. Nasce-se sabendo que o mundo é cinza, mas a gente sempre quer acreditar que ele é azul.

Quando eu era criança sonhava em ser escritora, em transformar o mundo com a ponta da caneta. Entrei na faculdade com esse propósito, sai com o livro, mas não mudo nem minha vida quem dirá o mundo.

A ponta da caneta não tem esse poder? ou de tanto os profissionais se curvarem, a tinta acabou? Como jornalista (ainda que novata para algumas pessoas), vejo que tanto faz, tanto fez. O mundo é cinza e assim ele deve ser. Pra que tentar deixá-lo azul?

Uma profissão que se tornou exploração em todos os sentidos. Jornadas exaustivas de trabalho, falta de equipamentos necessários para exercê-lo com dignidade, remuneração ruim. 
"Eu quero lucro", diz o patrão.
"Eu quero qualidade", digo.

Nem sempre qualidade significa lucratividade, não é?
E diante disso, a tinta da caneta vai secando e a tinta azul vai se perdendo.
Somos obrigada a pintar o mundo de cinza, pois se você não colorir dessa forma, outras pessoas farão. Há sempre quem faça isso. Fora que muitos jovens, não têm sequer a oportunidade de gastar a tinta de suas canetas. Atrás da pétala macia da rosa jornalismo, existem cruéis espinhos selvagens.

E isso não se limita ao trabalho nas redações ou em outros lugares. O campo acadêmico que deveria servir como um exemplo de ética e boa conduta tornou-se uma troca de favores. Tem sempre o QI. E nessa história, quem realmente tem vocação para seguir essa carreira fica de mãos atadas (sem o branco do giz). O ensino perde, pois se exige do aluno algo que ele não recebeu e a carência está no que não foi ensinado.

A aquarela vai ficando cada vez mais monocromática...

Mesmo com tantas dificuldades nesse início, eu tentei pintar o mundo de azul. Até que hoje, após uma conversa com minha mãe, ela disse que as pessoas (que detém o poder) gostam do mundo cinza. Quem sou eu para mudá-lo de cor?