quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O dia de hoje

Desculpe caro leitor, se esse texto apertar seu coração. Ele foi redigido por uma alma que chora e que está triste, mas apesar de tudo isso ainda vê uma possibilidade de sucesso quando as luzes de 2013 reluzirem no céu.
Hoje, me despedi de um grande sonho: o de fazer mestrado na universidade que vive em minha cabeça desde 2008, quando fazia cursinho preparatório para o vestibular. A prova de treineiro praticamente me colocou dentro dela, todavia, o destino fez com que eu optasse por estudar em minha terra natal.
Estudar em uma faculdade particular não foi o fim do mundo. Durante quatro anos tive o prazer de conviver com pessoas maravilhosas, sejam eles amigos e professores que são dignos de muita admiração por minha parte. Ao invés de ficar macambuzia por não estar na Unesp, eu vesti a camisa do meu curso de jornalismo, aproveitei o quanto pude, fiz amigos e laços de amizade.
Durante quatro anos vivi momentos que se revesavam entre bons momentos e angústia. Mas a parte mais interessante veio com o término do curso quando toda a minha paixão por jornalismo impresso e literatura se transformou em um Trabalho de Conclusão de Curso. Com apenas 21 anos de idade, eu vi a possibilidade de escrever um livro (aquele que eu imaginava escrever aos 80 anos). Como esse livro me parecia algo distante...
Comecei uma verdadeira jornada que tinha como destino a produção de um livro-reportagem sobre criminalidade na adolescência. Foram 12 meses sem sair de casa, sem ir à academia, sem ir ao teatro ou cinema. Fora a instabilidade emocional que de vez em quando me fazia cair no choro. Quantas vezes eu vi o Sol nascer enquanto passava noites inteiras sem dormir para ler e escrever... o cansaço que me abatia era desfeito com o copo de leite e um pratinho de cookies que minha mãe sempre trazia em meu quarto de manhã.
Não me arrependo de nada do que fiz. Ainda mais ao lembrar das três emoções que este trabalho e essa faculdade me trouxeram: a primeira, quando vi o meu livro impresso; a segunda, ao autografá-lo; a terceira, ao ouvir meu orientador ler a ata de defesa do meu TCC: APROVADA. Não contive as lágrimas.
Além de todos esses sentimentos únicos, este trabalho também fez com que eu estivesse pela primeira vez na universidade dos meus sonhos. Como foi gratificante estar lá...pena que eu acreditei que seria a primeira e última vez. Aquele lugar pareceu algo distante de mim. Mas meses depois, a minha segunda viagem para Bauru aconteceria... a prova de seleção do mestrado.
Que prova difícil! um pesadelo nos primeiros momentos que entrei na sala enquanto o professor escrevia a pergunta da prova na lousa. Minhas mãos tremiam, e eu fiquei parada refletindo se valeria a pena eu estar lá. Folhas em branco sempre me torturaram, aquele papel almaço significava um monstro. Escrevi o que sabia, o que eu extraí de uma leitura corrida, que exigiu oito livros em uma semana. Deixei Bauru com os olhos cheios de lágrimas. Um ponto e meio me separaram do mestrado.
Triste, muito triste...um dia de luto. Um dia de aprendizado, um dia de reflexão: continuar ou não? tentar mais uma vez? até quando? Não seria melhor cursar uma pós e investir em minha carreira de jornalista? Finalmente tirar da caixa o anel de formatura que até hoje não usei por não exercer minha profissão? Eu não sei.
O mestrado não significava apenas um sonho, mas também a oportunidade de encontrar um lugar nesse mercado de trabalho tão concorrido do jornalismo. Esse sonho acabou hoje. . . acho que não.  Eu tenho uma vida inteira para tentar. A vida não te dá apenas uma estrada, algumas são mais longas e com obstáculos. Nada vem fácil.
Da última vez que disse que não conseguiria, eu acabei de capelo e canudo nas mãos.