terça-feira, 29 de junho de 2010

Ressaca emocional



Para quem pensa que ressaca é coisa de quem bebe, se enganou. Existe a ressaca emocional. Ressaca emocional deve ser parecida com a mistura de todas as bebidas do universo, mas nesse caso, a mistura é de sentimentos.

Já viu amor misturado com ódio, com uma dose de raiva, batida com desgosto e uma bela pitada de vontade de sumir? Então, aí estão todos os ingredientes que nos levam a ter uma senhora ressaca emocional. A mistura de sentimentos leva o embriagado emocional a vários sintomas terríveis como: falta de apetite, palavras, baixa auto-estima e tristeza profunda.

Ao contrário do bêbado, a ressaca emocional não dura um dia, não passa com um banho e a dor nenhum analgésico consegue tirar. Os sintomas permanecem durante muitos dias, atormentando seu sono e sua vida. Cada vez mais abrindo uma ferida na alma e no coração.

Durante a ressaca é como se tivéssemos perdido uma partida de Copa do Mundo, na qual o time, ou seja, você; jogou com máxima dedicação e suor. Aí veio o outro time e deu uma bela canelada em você, acabando com sua jogada. Foram meses de treino, dias concentrados, alimentação balanceada e uma espera contagiante para o grande dia. Pra que? De repente você é atingida em cheio e tudo o que você construiu e fez foi por água abaixo.

A vida e as pessoas me surpreendem. Estava no céu, com milhares de anjos tocando enquanto dormia; agora me vejo no inferno. O que era festa se tornou um martírio, minhas músicas preferidas odiadas. E olha que não sou pessimista, mas quem consegue sorrir enquanto você se sente derrotada?

Como eu queria que engove melhorasse a ressaca da minha alma. Todavia, ele não resolve o problema. A solução? Renovação! O negócio é colocar um sorriso no rosto, passar uma maquiagem, balançar os cabelos e ir adiante. Como dizia Chaplin “Sorrir engana a dor e ao verem que você sorri, logo vão supor que você é feliz”. Não que queira me passar por feliz, mas se é para cair... Vamos cair com um sorriso no rosto, pelo menos você pode arrancar risadas de alguém e fazer o dia dessa pessoa feliz. Eu prefiro cair ao som de Coldplay, cantando, tomando café e escrevendo.

domingo, 27 de junho de 2010

Caminhada em off

Escolha um bom sapato, você pode machucar seus pés e se machucar :)
Foto: Andresa Oliveira


Já que a vida é feita de escolhas, devemos caminhar rumo as nossas escolhas. O caminho pode ser longo e difícil ou curto e fácil. Depende novamente do que escolhemos para nossas vidas.
Podemos escolher ser honestos ou não, amar ou brincar com os sentimentos das pessoas, viver a vida inteira alienada ou até mesmo “brigando” com o mundo. Geralmente o caminho mais fácil é melhor; economiza sola de sapato.

O caminho a seguir é cheio de mistérios. Muitas pessoas passam todos os dias em nossas vidas. Algumas pretendem ficar realmente ao nosso lado, outras não. Certas pessoas lembram de você quando escutam uma música, lê um livro ou poema, vê uma flor, sabem qual é sua cor favorita, seu time de futebol e quando você some, se preocupam. Mas, como todo mundo não é igual, há os rebeldes; aqueles que consideram você como mais um habitante do universo. Não, não são rebeldes, apenas escolheram andar por outros caminhos.

A vida é uma longa estrada, na qual todos os dias milhares de pessoas passam. Nessa estrada podem existir milhares muros, barreiras e pedras. O importante é não desistir, nunca. Uma vez disse a uma amiga que “Comparo a vida com uma ferrovia”, ela me perguntou o por quê? Simplesmente respondi filosofando: “A vida é longa e cheia de pedras, assim como uma ferrovia”.

Nessa ferrovia é importante caminhar com calma e principalmente sem olhar para trás durante o percurso. Deixe que no final da caminhada você veja o quanto foi capaz de caminhar só. Espere alguém sentir a sua falta assim como dizia o grande Bob Marley: “Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida”. Talvez algum dia caro leitor, alguém venha falar que sentiu sua falta e que estava pensando em você.

Minhas escolhas

Foto: Andresa Oliveira


Quem vê cara, definitivamente não vê coração! Digo-lhe isso caro leitor, por ter tido experiências próprias; não que tenha sido enganada por alguém, eu que me enganei. O mundo é um lugar curioso, muito curioso por sinal.

Podemos comparar amigos com os elevadores. Curioso não? Talvez infeliz comparação para pessoas tão nobres como os amigos. Mas é verdade, alguns te levam para cima, outros para baixo, alguns sufocam e te prendem. Eu ando pelas ruas. E meus amigos cadê? Belíssima letra de Adriana Calcanhoto, Cadê nossos amigos? Amigos que tanto os poetas falam; amigos que tanto dizem que podemos confiar. Não os vejo.

Amizade não é distribuição de elogios, nem mesmo companhia para baladas e companheiros para conversas. Amigo de verdade é aquele que fala com os olhos, acalma com gestos e que se preocupa em saber como foi o seu dia e coisas assim. Amigo bom é aquele que discorda de você, mas usa da delicadeza. E o inimigo amigo? Existe outra espécie de amigo. Aquele que te ilude. Esse amigo te chama de amigo e por trás de você apunhala, compete e deseja mal.

Tenho cara de menina, não sou sexy, não bebo cerveja, não uso minissaia e não causo na balada. Leio, tiro fotografia, estudo e escrevo. Pelo menos para alguma coisa eu sirvo. Ah! Eu também me preocupo com meus amigos.

Escolhi ter personalidade. Sei que pagarei um preço muito alto por isso. No entanto, tenho compromisso com meus princípios. Não nasci para agradar ninguém; muito menos para ser adorada e ganhar condecorações das pessoas. Serei forte o suficiente para encarar o mundo, mesmo que eu não esteja de acordo com ele. Farei minhas escolhas, aliás, elas já estão feitas. Viverei em meu mundo: de cabelos cacheados, lendo, fotografando, escrevendo e sonhando.
Vou aproveitar minha vida, porque ela é rara!!!

domingo, 20 de junho de 2010

A imprensa e o dever da verdade




Minha última leitura foi o livro: A imprensa e o dever da verdade, escrito por Rui Barbosa. O livro foi escrito em 1920, mas por sua qualidade, mesmo com linguagem ultrapassada, o livro deve ser leitura obrigatória atualmente.


Segundo o autor, a imprensa é como o órgão principal de uma nação, assim como o coração é para o nosso corpo. Um país, cuja imprensa é degenerada ou mentirosa, é um país cego, doente e de falsos sentimentos.


No livro, o autor também trata de temas a respeito da chamada “prostituição” da imprensa. Segundo o autor, muitos órgãos de comunicação se vendem em troco de dinheiro público; que muitas vezes tem o objetivo de ganhar o silêncio ou ganhar críticas favoráveis em jornais.


Rui Barbosa deixou muito claro no livro que o principal dever da imprensa, é com a verdade. Antes de todas as coisas, o papel do jornalista é informar a sociedade, de maneira clara e imparcial. O primeiro compromisso dos veículos de comunicação é com o público, cliente ao qual se destina todas as notícias produzidas.


Concordo plenamente com o autor. Os jornalistas devem trabalhar para o público, principal interessado na clareza dos fatos e informação de qualidade. Apenas lamento que atualmente, alguns colegas não tenham lido esse livro. Lamento que a imprensa brasileira ainda seja formada por profissionais que se esqueceram do compromisso entre jornalismo e sociedade.

sábado, 12 de junho de 2010

A arte

Qual a função da arte na sociedade? Entreter? Mostrar caminhos ou trazer conhecimento e visão apurada sobre o nosso cotidiano? Um fotógrafo tem a mesma visão nossa na hora da foto? A crise de identidade de Elisabeth Vogler, em Persona, não nos leva a raciocinar nada?

A arte é muito vasta, atende todos os gostos através do teatro, cinema, música, pintura, dança, pintura, artesanato, literatura e fotografia. Cada uma dessas opções são formas distintas de arte. No entanto, uma pode influenciar a outra, uma vez que livros podem virar filmes, dança e música estão ligados e o casamento perfeito entre teatro e fotografia.

A arte nos leva a refletir sobre nossa vida. Um corpo nu, por exemplo, para a fotografia não tem nada de pornográfico. Os fotógrafos, com sua sensibilidade, usam focos em que seja possível admirar as formas perfeitas do corpo humano. Qualquer texto literário ou não, nos faz pensar sobre o que acontece não só no mundo, mas também em nossos sentimentos mais profundos. A literatura tem como princípio demonstrar os fatos históricos através da arte.
Arte é sim uma maneira de conhecimento. Não obrigatoriamente didático, ou seja, uma aula. A arte pode levar ao raciocínio, a compreensão de nossos sentimentos. Ela não pensa por nós, nem mesmo impõe uma regra, mas mostra inúmeros caminhos, conflitos internos e externos, que às vezes não percebemos em nosso dia-a-dia. Artistas são chamados de artistas, por possuírem sensibilidade mais apurada que a nossa.

Um exemplo, A Segunda Guerra Mundial. Sempre estudei sobre o assunto através dos livros, mas nunca um livro me comoveu tanto como assistir filmes sobre ela. Vendo as imagens, por um momento parecia tudo real, possibilitando o quase sentimento de dor e lamento, por saber que seres humanos são capazes de fazer uma barbaridade daquela.
Religião nos leva a compreender nosso caráter e moral. Todavia, não nos faz refletir sobre o que o mundo está fazendo. Apenas está preocupada em salvar nossas almas dos pecados. Pecados que são relativos. Como o segundo casamento proibido, fazendo com que algumas pessoas sintam-se receio de ir a igreja. Ou até mesmo por causa da cobrança de dízimos, que prometem “um pedacinho do céu”. Não que eu seja atéia, ao contrário sou católica, mas tenho sinceridade o suficiente para discordar de certos mandamentos da minha igreja.

Mas, onde entra a arte nessa história? A arte é capaz de nos fazer refletir até mesmo sobre nossas crenças. O filme Amém, dirigido por Costa Gavras, mostra exatamente a omissão da igreja diante do holocausto da Segunda Guerra Mundial. Ora, existe pecado maior do que a omissão? Omissão diante da morte de crianças, que não pediram para nascer nesse mundo louco em que vivemos.

A arte é a única capaz de discutir isso e tacar na cara de quem for o triste passado enterrado não só da igreja, mas de tantas outras instituições e do nosso próprio caráter. A arte ninguém excomunga, não cala, não mata. Ela renasce a cada dia, em diferentes formas e para diferentes públicos. Deveria ser mais respeitada e valorizada, mas infelizmente muitos ainda acreditam que arte é futilidade e uma forma fácil de ganhar dinheiro. Bobinhos, continuem vendo a vida passar acatando ordens e oratórias de falsos moralistas que repudiam qualquer forma de expressão.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mulher de molde


Sempre gostei muito de escrever sobre as mulheres. Principalmente a respeito da imagem que a mulher passa para o mundo. Todavia é muito complexo compreender o universo feminino, mesmo sendo mulher, encontro muita dificuldade para caracterizar o sexo feminino.

Os homens recebem três atributos: machão, cavalheiro e cafajeste. O machão é do tipo que não chora; o cavalheiro manda flores e o cafajeste dá em cima de todas. A mulher já recebe inúmeros atributos: sexy, gostosa, gatinha, elegante, perua, sem graça e tantos outros que é melhor não comentar.

Nos últimos anos as mulheres vêm ganhando rotulações. Um grande problema para a identidade de cada uma delas. É com se houvesse divisões e cada uma se encaixasse em determinado grupo mais adequado às suas características.

Para ter uma idéia de como as mulheres sofrem com esses tipos de rotulações, devemos observar o principal meio de propagação da indústria da beleza; as revistas femininas e as telenovelas. Algumas revistas apresentam caráter de utilidade, mas todas sem exceções tentam moldar seu público.

A personagem de Mariana Ximenez, na novela das 21h, aparece com figurino justo e provocante. Esse mês, a atriz foi capa da revista Claudia, na qual usava um belo e elegante vestido vermelho. Na telenovela a atriz é moldada sensual e na revista voltada para mulheres de 25 a 45 anos de classes média e alta, a atriz deve se encaixar em modelo excêntrico de elegância.

Mulheres se moldam a todo tempo. Moldam-se ao gosto dos homens, que na maioria das vezes preferem as “sensuais”. Sensualidade que muitas vezes não combina com elegância. Muitas preferem ser sensuais, forçando algo que existe dentro de cada uma das mulheres.

A sensualidade feminina existe em todas, sem nenhuma exceção. Sensualidade é algo inato, ou seja, nasce com a pessoa; não se adquire por telefone, nem mesmo em sites ou lojas no shopping.

Feio é que a sensualidade seja forçada, a ponto de se tornar vulgar. A vulgaridade pode ser considerada uma humilhação para o corpo feminino e motivo de deboche para os homens.

O importante é que cada mulher mantenha sua beleza natural. Afinal ninguém é boneco de vitrine e muito menos massinha de modelar.

Tire suas conclusões

O desfecho do caso Isabella Nardoni morta em março de 2008 pelo pai e pela madrasta gerou muita repercussão na mídia; não só a decisão do júri, mas também a atuação da imprensa no caso.

Em março de 2008, Isabella Nardoni, de 5 anos, foi atirada do 6 ˚ andar do prédio onde morava seu pai Alexandre Nardoni, a madrasta Ana Carolina Jatobá e seus dois irmãos. Além das fraturas provocadas pela queda, a menina tinha marcas de esganadura e agressões pelo corpo; sinais que indicam os maus tratos que Isabella sofreu antes de ser atirada pela janela.

Desde o acontecimento do caso, a imprensa acompanhou todo o trabalho da polícia e o andamento das investigações. A perícia concluiu que Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá eram os principais suspeitos morte de Isabella. A imprensa fez ampla cobertura com simulações do crime, entrevistas com os suspeitos e principalmente mostrou todo o sofrimento da mãe de Isabella. O público acompanhou tudo sentado no sofá de sua casa.

No dia 22 de março de 2010, teve início, no fórum de Santana em São Paulo, o julgamento do pai e da madrasta de Isabella. Uma multidão de jornalistas faziam plantão em frente ao fórum; muitos puderam entrar no plenário e acompanhar o júri.

Durante o julgamento, uma das teses de defesa do advogado Roberto Podval foi que a imprensa condenou o casal antes do júri, nomeou de “loucura” a cobertura do caso. Segundo o advogado, se a imprensa não tivesse participado do caso, o casal seria absolvido por falta de provas.

Nesse tipo de crime ou tragédia, a imprensa sempre ocupa um lugar de destaque, pois é ela que leva todas as informações para que as pessoas tirem suas conclusões sobre o fato. No entanto, muitas emissoras de TV pecam no excesso a ponto de mudar a grade de programação para fazer cobertura do caso. Todavia, mesmo com o excesso, a imprensa é fundamental para evitar o esquecimento do caso e a impunidade dos assassinos.
A imprensa teve papel fundamental no caso Isabella, não só para mantê-lo na memória das pessoas, mas também para mostrar que a justiça no Brasil funciona. O casal foi condenado pelas provas que foram apresentadas pela acusação. Nenhum jornalista ou veículo de comunicação foi até o plenário e deu a sentença. A imprensa só noticiou os fatos, com excesso ou não; coube a população tirar suas conclusões sobre ele.

Ao meu ver, a imprensa teve uma atuação importante e positiva no caso Isabella. Essa participação deveria se estender a outros casos, pois morrem muitas Isabellas todos os dias no Brasil. O trabalho do jornalismo em crimes como esse faz com que eles não morram na memória das pessoas e que muitos assassinos de crianças fiquem na impunidade.