sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Folha verde...


Um dia uma folha apareceu em minha vida
Era do mais puro verde
Verde esmeralda
Verde esperança
A folha de vez em quando abrigava-se em minhas mãos


Apeguei-me à folha
nem era de papel
nunca rabisquei a folha
nem a manchei com versos

Era outubro
ainda primavera
a folha voou


Partiu, sumiu


Espalhou-se pelo ar
agora corre de mão em mão
Às vezes vejo a folha
Ora não a toco mais
A folha me faz falta
mas a deixo voar
se a mim pertencer há de voltar...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Palavra da alma

Juro que gostaria de escrever algo tão rebuscado. Queria palavras mágicas com super poderes. Uma frase renovadora que assim como um cupido atingisse em cheio o coração de meus leitores.

Mas pensando bem as palavras mais fortes são tão simples, murchas e sucintas; com poucas letras posso causar um terremoto de grande escala. Amor, por exemplo, é uma delas. Oh! Palavrinha traiçoeira! Ao mesmo tempo em que trás espasmos de alegria, coração acelerado e pulsante, de vez em quando faz doer tanto, reduzindo seu trabalho em apenas bater lentamente, assim como um velho cansado. Ai, já sinto pontadas só de pensar. É que tenho uma ligação entre dedos, alma e coração.

A rua por onde andas; veja só, foi feita de pequenas moléculas de cimento. Nós seres humanos, formados por duas células minúsculas, invisíveis aos olhos humanos. Uma música é composta por pequenas notas, elas juntas dão composição a um barulho tão agradável que embala amores e tristezas...lá, lá, lá...

O vento...Ah! Esse é meu preferido. Nunca o vi, mas ele faz parte de mim. Gosto tanto quando ele bagunça meus cachos, sinto liberdade. Meus pulmões são encharcados de oxigênio, fecho os olhos e apenas sinto...vúú. Não o conheço, mas sei que ele existe e de vez em quando me acaricia o rosto.

E a lua... Nem luz própria tem. Brilha tanto no céu. Nuvens podem cobri - lá, mas sempre lá está ela. Sempre variando no visual. Nuvens, bolas de algodão no céu. Quem nunca viu cachorrinhos nas nuvens? O céu é tão simples.

Minhas palavras são tão simples. Sinto que elas não carregam nada. Apenas são conjuntos de símbolos, sinais e regras ortográficas que se juntaram e formaram esse texto que escrevo. Palavras murchas, secas, sem sal, sem personalidade. Nada genial. Estou carregada de sentimentos, queria que minhas palavras tivessem o peso da alma. Mas é tão difícil escrever e minha mente está cansada de sentir...Onde arrumar palavras para uma alma cansada?

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A ponta dos meus dedos

Com meus dedos...
Posso escrever que te amo sem você saber
pois uso palavras ambíguas
rasgo teu coração
escrevo teu nome, teu sobrenome.
Toco no piano aquela música
escrevo um poema
uma música para você dormir.
Com as pontas dos meus dedos
eu choro sem derrubar lágrimas
desenho o que minha mente vê
folheio livros
seguro uma rosa
aquela que me destes
acabei espetando meus dedos nos espinhos.
Com meus dedos beijo seu rosto
Abro a janela para sentir o vento
Fecho meus olhos.
Eu sinto o mundo com a ponta dos meus dedos...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Despezembro...

Que as luzes do Natal ilumine a cabeça de todos durante o ano inteiro
Foto: Andresa Oliveira


O ano está terminando. Sinto cheiro de despedida no ar, um perfume que se mistura com luzes pitadas de tristeza e alegria. Sou por demasiadamente apegada a muitas coisas, inclusive pelos dias que se passam. É, a vida não é um filme reprisado.

Por que Dezembro é o mês das despedidas? Despeço-me de tanta coisa o ano inteiro, minha vida se resume em despedir, encontrar, perder e recuperar. Logo vou à varanda tomar brisa, assim que entro em casa digo adeus ao vento. Quando acabo de ler um livro ou falar com uma pessoa. Faço tudo em minha vida como se fosse pela última vez.

Mas Dezembro intriga-me. Com todas suas luzes, Papai Noel, presentes e músicas natalinas. Mães choram pelos filhos que conseguiram um diploma depois de muitos anos de estudo, namorados se despedem da vida de solteiros; coloca-se uma aliança na mão esquerda, enamorados juram amor eterno pela última vez no ano, idosos aproveitam a ceia natalina como se fosse a última, meninas malham nas academias desesperadamente; afinal o carnaval taí!, abraço meus amigos pela última vez.

Aliás, Dezembro deveria se chamar Despezembro. Incrível, como as luzes douradas mexem com o coração de todos. O ser humano despreza o próximo todos os dias do ano, crianças moram nas ruas 365 dias, passam fome durante doze meses, você ignora seu amigo. Aí chega Dezembro! Ah, Row row row, Papai Noel chegou! Agora um sentimento de caridade e filantropia invade a alma das pessoas. É uma beleza, campanhas para todos os lados, recadinhos animados no Orkut; esse é ótimo!, shoppings lotados, vamos presentear, afinal presente tampa qualquer deslize ou gafe. Trazem até teatro na praça!, só em Dezembro que as pessoas precisam de cultura?
Como a cidade fica linda! O menino da periferia se sente em um mundo encantado, sua mãe o veste com a melhor roupa e juntos vão passear, olhar o quanto tudo está iluminado. Mas, o hospital do bairro em que ele mora continua caindo aos pedaços. Quem quer saber de hospital? É dezembro, ninguém fica doente, não é?
“Anoiteceu, o sino gemeu e a gente ficou feliz a rezar. Papai Noel vê se você tem a felicidade para você me dar”. Todos se reúnem na mesa. Parentes brigados, casais desquitados, namorados traídos, as crianças de rua encontram um abrigo para celebrar a noite e tudo está tão lindo e mágico. Será? A enamorada vê os fogos de artifício no céu e se lembra do moço, o idoso pensa na sua morte, os namorados no casamento. Presentes entregues, brinde feito, abraços dados. Adeus Papai Noel!, mais uma despedida.
Amanhã é outro dia. Papai Noel vem só no ano que vem. Hora das pessoas voltarem a ser o que realmente são. O menino volta para a periferia, cujo hospital continua caindo aos pedaços, seres humanos continuam sendo desprezados e milhares de crianças ainda sobrevivem na miséria. Afinal, Dezembro chegou e é hora de se despedir de tudo
Papai Noel vou lhe fazer um pedido. Traga felicidade, amor, compaixão e amizade todos os dias do ano; não quero me despedir de nada.

Só mais uma coisa. Escrevo todos os dias, não é só no natal.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Boas vidas...

O ano de 2010 foi muito importante para mim. Profissionalmente pude estar em contato com diversas pessoas experientes. Trabalhei, escrevi, fotografei, comecei a escrever meu livro e me encontrei com o jornalismo cultural.
Pessoalmente começou muito bem e está terminando muito mal. Superei desafios, fui mais forte, fraca, impulsiva e teimosa. Vivi dias e noites de extrema felicidade e hoje estou aqui escrevendo esse texto chorando.
Perdi amigos. Duas morreram, alguns se afastaram não sei por quê. Coração de luto, alma sagrando, dor profunda. A sensação é de medo. Sabe receio? Então é o que sinto hoje. As coisas e as pessoas mudam, mas não estou acostumada com isso. Minha palavra é uma só.
Embora esteja isolada, me sentindo castigada, sou muito grata inclusive pelos momentos de profunda solidão. Tudo o que acontece em minha vida é muito bem vindo, até os castigos. Mas o que eu fiz para ser punida? Falei a verdade? Defendi meus ideais? Não sei mais nada.

Minha vontade é de jogar tudo no lixo. Não consigo. Há muitas coisas que fazem parte de mim, inclusive as decepções. Quando me liberto, logo minha alma retoma o que eu gostaria de afundar.
Mudei o cabelo, tentei ser uma nova pessoa, afundei cada vez mais nos livros, fechei meu sorriso. Mas eu estava sendo falsa comigo. Atendia expectativas de outras pessoas, esqueci que eu respiro e tenho vida.


Sei que é muito difícil. Todavia, não vou vestir uma máscara e ser o que esperam de mim. Tenho compromisso com meus sonhos, com minha personalidade e com os amigos que realmente gostam da verdadeira Andresa. Aquela que fala a verdade na cara, não é popular, nem mesmo querida por todos. Recolho-me a gostar de tudo muito bem arrumado, de pessoas verdadeiras, amigos fiéis, dos meus livros, continuo apaixonada por jornalismo; mesmo que este seja considerado o mal da humanidade.


Tenho certeza que um dia vou conseguir jogar fora todos os motivos das minhas lágrimas. Vai demorar, doer, abrirá feridas. Mas, ainda vou respirar aliviada e rir da palhaça que fui. A risada será bem vinda, assim como as lágrimas que rolam pelo meu rosto nesta noite.


Um futuro me espera. E ele é mais digno de minha preocupação, pois é por ele que os calos se formam em meus dedos e é por ele que a cada dia me afasto de muitas pessoas. Calos serão muito bem vindos. Eu me darei boas vindas nesse próximo ano, apenas vou voltar à vida.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Beatriz


Olha,
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura o rosto da atriz?
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha,
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário a casa da atriz?
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva para sempre Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha,
Será que é uma estrela?
Será que é mentira? Será que é comédia?
Será que é divina a vida da atriz?
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida. . .
Chico Buarque

......



Minha música preferida

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Web Liberdade: Quem é anormal na rede?


Confesso que sou amante das redes socias. Adoro um orkut, msn, facebook, twitter e mais ainda os blogs. Gosto da liberdade oferecida por esses sites, já que a humanidade ficou tanto tempo calada, é hora de se comunicar.


Nessas minhas "bisbilhotadas" entre um site e outro, sinto que as pessoas estão tomando rumos estranhos e preocupantes. Parecem forçar algo, principalmente algumas mulheres. Os atentados não se limitam apenas a boa escrita, mas também a própria imagem da mulher.


Comunidades do tipo: "A pegada é essencial", "Pan Americano", acho que o banco deve ter falido por causa dessa "música"; (quem tiver uma classificação para o gênero me comunique). Voltando ao assunto, as mulheres estão virando selvagens. A vida pessoal está sendo cada vez mais exposta a ponto de algumas pessoas ficarem nuas na web cam. Sim é isso mesmo, a câmera do computador transmite ao vivo no msn ou twittercan cenas de sexo e corpos nus.


Será que sabemos aproveitar a liberdade da internet? Hoje encontrei algo de extremo valor pessoal para mim no you tube. Como admiradora e amante da obra de Clarice Lispector, hoje achei a sua única entrevista televisiva. Foi gravada em 1977 pela TV Cultura. Eu que só a vi em fotos e por livros, pude ouvir a voz da melhor escritora dos últimos tempos. Sua expressão, apenas confirmava a Clarice que conheci pelo livro A Hora da Estrela e entre tantos.


Poderia estar procurando vídeos de garanhões de sunga. Mas na minha opinião, os sentimentos e desejos humanos são carnais. Não teria a coragem de me apaixonar por um dos contatos do meu msn ou orkut. Como amar uma pessoa cuja voz nunca ouvi? E muito menos ficaria nua em frente a uma web cam. Embora sexo no Brasil e no mundo se tornou algo tão indiferente quanto a folha que cai de uma árvore.


Sinto que é anormal ser comum. Perfil mais culto, literário ou sofisticados; são constantemente criticados. Homens são chamados de gays ou loucos, as mulheres (principalmente no meu caso), recebem elogios de nerds, papa livros e afins. Será que nós somos loucos ou eles? É tão normal assim se expor?


Prefiro mil vezes que meu perfil receba um poema de Fernando Pessoa, ao colocar " sou gatinha", entra e seja feliz, blá, blá, blá...


Pelo menos faço que alguém entre uma pegada essencial e outra, leia algo de qualidade.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A dualidade da partida


Hoje ganhei esse presente da minha amiga Bruna.
É muito bom saber que alguém lembra de mim.


Partidas e chegadas… O que faz você feliz?, tem estas regras:
1 – Copie e cole o selinho na sua postagem;
2 – Conte o que lhe faz feliz, entre partidas e chegadas, simples assim!;
3 – Conte quem lhe presenteou, se possível adicionando o link para o blog;
4 – Indique 5 blogs para receberem o carinho e avise-os, para que eles possam continuar a brincadeira.
5 – Volte aqui e avise que já está participando, nesse mesmo post.


Agora vou escrever sobre o que faz feliz....

Sou uma típica interiorana (mulher do interior), mas as luzes das grandes cidades me encantam; não que aqui não tenha luz. É a necessidade de respirar novos ares, conhecer pessoas novas e principalmente vontade de construir minha vida.
Parece estranho, tenho pouquissímos amigos aqui em Fernandópolis. Os que mais amo moram longe. Alguns mais perto, outros vejo de vez em quando em uma típica visita de médico. Só que mesmo com a rapidez fico extremamente feliz com um simples abraço, ou pelo fato de vê-los.
Hoje em dia se comunica muito por msn, telefone, facebook e orkut. As letrinhas digitadas não matam a saudade. Quero muito mais que letrinhas, quero a presença.
Não tenho uma história sobre partida, nem mesmo de chegada. 'Mas em uma dessas visitas rápidas a um amigo distante. A volta para minha casa dói demais. Sempre tive vontade de ficar mais tempo, conversar mais e até mesmo esperar o anoitecer.
Embora meus amigos estejam longe, é inacreditável, mas sinto todos aqui comigo. Pelo simples fato de ouvir uma música e ler um livro. Estão todos aqui.
Com o término da faculdade, sinto que a hora da partida chegou, mas sei também que será feito de dualidades. A felicidade e a tristeza.
Felicidade por poder ganhar o mundo
Tristeza por deixar para trás a segurança da casa de meus pais.
Dedico esse presente a três pessoas distantes, mas que eu gosto muito de conversar:
Bruna (minha amiga, confidente e colo nas horas de tristeza), Fernando Pix (o coração mais lindo que já vi. Um grande homem) e Lucas Bergman (um futuro grande cineasta e a pessoa que me apresentou a música mais perfeita do mundo).