quarta-feira, 31 de março de 2010

Os mandamentos do jornalista

1º Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.
2º Não verás teu filho crescer.
3º Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.
4º Terá gastrite, se tiver sorte. Se for como os demais, terá úlcera.
5º A pressa será teu único amigo e as suas refeições principais serão os lanches, as pizzas e o China in Box.
6º Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo, isso se te sobrarem cabelos.
7º Tua sanidade mental será posta em cheque antes que completes 5 anos de trabalho.
8º Dormir será considerado período de folga, logo, não dormirás.
9º Trabalho será teu assunto preferido, talvez o único.
10º A máquina de café será a tua melhor colega de trabalho, porém, a cafeína não te fará mais efeito.
11º Terás sonhos, com entrevistados, e não raro, resolverás problemas de trabalho neste período de sono.
12º Exibirás olheiras como troféus de guerra.
13º E, o pior... Inexplicavelmente gostará de tudo isso.......

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cultura de massa x cultura clássica


O mundo viveu uma época em que qualquer tipo de manifestação cultural e artística era detida e acessível a um pequeno grupo de pessoas: as camadas mais ricas da sociedade e a igreja católica. Ou seja, as camadas mais pobres da população não tinham acesso a livros, estudo e teatros. Além da exclusão social havia a exclusão cultural, a maioria dos livros eram caros e nem todos tinham conhecimento suficiente para compreender a linguagem utilizada pelos autores.
A sociedade progrediu e o acesso a cultura também, atualmente contamos com escolas publicas, coisa que naquela época não existia; apenas uma parcela muito pequena da população tinha acesso à educação. Os livros e a literatura passaram a se tornar mais populares, na medida em que os escritores e a indústria erudita estavam à beira da falência, pelo simples fato que os ricos passaram a gostar de televisão e internet.

E aí ninguém mais leu livro? Sim, mas agora os livros estão mais acessíveis não só em termos de preços, mas também em linguagem. Não é mais necessário um dicionário para compreender a linguagem de um livro, coisa que eu particularmente fazia muito quando lia as obras de Machado de Assis, mas mesmo com trauma de dicionário sou apaixonada por todos os livros dele, só por saber que nunca mais ninguém vai escrever um livro igual a Dom Casmurro, livro que li na idade de ler todas as edições do Cachorrinho Samba.

Agora Dom Casmurro está prestes a se tornar uma história em quadrinhos para atrair o público adolescente, achei um absurdo, pois o livro vai perder toda a sua riqueza e principalmente a dúvida que até hoje não foi descoberta: Capitu traiu ou não Bentinho? O mesmo está acontecendo com as músicas que andam ganhando traduções ridículas: “Gatinha, você gosta mais de Red Label ou Ice?”; e as pessoas cantam e colocam isso no Orkut e msn, como se estivessem fazendo uma citação filosófica.

No entanto, não vejo a população e as pessoas como culpadas disso, apenas as vejo como consumidoras do produto que restaram a elas. Infelizmente alguns produzem bons produtos, mas outros não. E todos consomem com a intenção de ser alguém e ter alguma forma de entretenimento, pena que seja dessa forma.
A cultura clássica ficou trancafiada por muito tempo e hoje que ela é acessível quase ninguém quer saber dela, ler a história do vampiro apaixonado é mais bonito, moderno e interessante do que ler um bom clássico. É mais gostoso rebolar e se esfregar dançando Gatinha, você gosta mais de Red Label ou Ice? Do que ouvir Coldplay por exemplo. O que me assombra é o destino da cultura, ou melhora ou piora.

sábado, 20 de março de 2010

E eu tenho uma paixão chamada jornalismo

Vou começar esse texto lembrando de quando eu era apenas uma criança e brincava de jornalista com a escova de cabelo, o espelho era a câmera e mesmo no calor eu me enfiava dentro das blusas de frio; o figurino era completo. E às vezes sentia forte emoção quando o Jornal Nacional entrava no ar. No colégio tenho que admitir nunca fui muito boa em matemática, sempre achei os números muito frios e nunca entendi e ainda não entendo o sentido e a origem daquelas fórmulas de Pitágoras e companhia limitada. Meu forte estava com as letras, com as palavras; gostava de juntar cada uma delas e fazer com que ganhassem sentido e significassem algo.

Cresci um pouco ou extremamente tímida, mas meu amor pelas palavras só cresceu cada dia; eu, o papel e o lápis; um trio em perfeita harmonia ainda mais se tiver uma música no fundo. Está aí uma coisa engraçada, ninguém entende com sou capaz de escrever ou estudar com o som na última altura, de preferência ouvindo rock. Na verdade nem eu sei explicar, só sei que a música é o que me impulsiona a escrever, entre baterias e guitarras eu preencho folhas e folhas de textos.

E o jornalismo? Ah o meu grande amor, esse tem tudo a ver comigo; a cada aula sinto que já conhecia todas as teorias, modos e pirâmides invertidas de longa data. Na verdade, me apaixono por essa profissão dia após dia. Simplesmente pelo fato de saber que um dia o que escrevo vai estar impresso em um jornal; não pela fama; mas por saber que poderei contribuir para que as pessoas e a sociedade sejam um pouco mais justas. Desde que entrei na faculdade já sabia que o papel do jornalista é esse, e não aparecer na televisão, ser capa de revista ou ganhar prêmios. Na realidade o maior prêmio que se pode ganhar no jornalismo, é causar uma modificação no pensamento e nas atitudes das pessoas.

Quando estudo a Ditadura Militar e a história dos jornalistas assassinados neste período, sinto um aperto enorme e ao mesmo tempo orgulho por saber que em uma época de censura e repressão, esses profissionais deram suas vidas para cumprir o dever de lutar a favor da informação e dos direitos da sociedade. Eu seria um deles; amo tanto essa profissão que colocaria minha vida em risco.

Eu a amo mais do que se possa imaginar e por isso debruço sobre livros e teorias, escrevo todos os dias embalada não só pelas baterias e guitarras, mas também pelo forte desejo de mudança através da força das palavras, motivo pelo qual decidi e farei a diferença no jornalismo.

sábado, 6 de março de 2010

Outro jornalismo é possível?

Nós jornalistas temos como função deixar a população bem informada sobre os acontecimentos do dia-a-dia, não só da cidade em que você mora, mas do estado, país e planeta. O jornalista é o profissional destinado a fazer com que o máximo de informação chegue até você da melhor forma possível.

Mas por trás dessa linda e difícil missão de levar parte da verdade e da realidade até o público há muitas trevas no caminho, uma delas é a manipulação. Para dar início à discussão vou usar o filme: Quanto vale ou é por quilo? Dirigido por Sérgio Bianchi.

O filme gira em torno da indústria da filantropia, ou seja, empresas e organizações que se promovem à custa da solidariedade. Em troca de ações sociais como instalação de computadores e internet nas periferias, doação de brinquedos, e construção de prédios. Essas empresas ganham prestígio na sociedade, enquanto na verdade não fazem nada, pois só lucram com essas atitudes e a maioria dessas empresas não estão preocupadas em fazer caridade, mas sim com o marketing social.

E a pergunta que não quer calar. Que lugar o jornalismo e a mídia ocupam nesse cenário? A resposta é simples, absolutamente a mídia é o principal meio de divulgação dessas empresas que tentam se promover usando a miséria e a exclusão social como meio de ascensão e reconhecimento social.

Mas não é tudo que está perdido, há salvação. Assim como o jornalismo e a mídia promovem esse tipo de “empresa”, ele também pode acabar com ela. Através de um jornalismo voltado para o social, ou seja, que os jornais trabalhem realmente para as pessoas da sociedade.

A informação é essencial para a construção da cidadania, a partir dela as pessoas ficam cientes dos seus deveres e principalmente dos direitos. É preciso fazer um jornalismo que tenha como foco a sociedade e não os governantes.

Tem que acabar de uma vez por todas a história que se o prefeito asfaltou a rua, ele está fazendo uma benfeitoria para a população, na verdade é sua obrigação zelar pela pavimentação da cidade, assim como garantir educação, emprego e saúde.

E esse tipo de discurso só vai acabar quando os jornais realizarem a principal função de informar e mostrar o erro, para promover uma sociedade mais justa e humanitária, na qual as pessoas não sirvam como meio de status para político e empresário nenhum.